O REMADOR PORTUGUÊS
" Lê-se numa crónica, que no ano de 1994 se celebrou uma competição de remo
entre duas equipas, compostas por trabalhadores de uma empresa portuguesa e de
uma empresa japonesa.
Dada a partida, os remadores japoneses começaram a destacar-se desde o primeiro
instante. Chegaram à meta primeiro e a equipa portuguesa chegou com uma hora de
atraso.
De regresso a casa, a Direcção reuniu-se para analisar as causas de tão desastrosa
actuação e chegaram à seguinte conclusão: Detectou-se que na equipa japonesa
havia um chefe de equipa e dez remadores, enquanto na equipa portuguesa havia
um remador e dez chefes de serviço, facto que seria alterado no ano seguinte.
No ano de 95 e após ser dada a partida, a equipa japonesa começou a ganhar
vantagem desde a primeira remadela. Desta vez, a equipa portuguesa chegou com
duas horas de atraso. A Direcção voltou a reunir após forte reprimenda da
Administração e viram que na equipa japonesa havia um chefe de equipa e dez
remadores, enquanto que a portuguesa, após as medidas adoptadas com o fracasso
do ano anterior, era composta por um chefe de serviço, dois assessores da
administração, sete chefes de secção e um remador. Após minuciosa análise, chegase
à seguinte conclusão:
O REMADOR É INCOMPETENTE.
No ano de 96, a equipa japonesa voltou a adiantar-se, mal foi dada a partida.
A embarcação portuguesa, que este ano tinha sido encomendada ao Departamento
de Novas Tecnologias, chegou com quatro horas de atraso.
Após a regata e para análise dos resultados, convocou-se uma reunião ao mais alto
nÃvel, no último piso do edifÃcio, chegando-se à seguinte conclusão:
Este ano a equipa japonesa não inovou, tendo optado novamente por dez remadores
e um chefe de equipa.
A equipa portuguesa, após uma auditoria externa e um assessoramento especial do
Dep. de Informática, optou por uma formação mais vanguardista, composta por um
chefe de serviço, três chefes de secção, dois auditores da Arthur Andersen e
quatro Securitas que controlavam a actividade do remador, ao qual se tinha aberto
um processo disciplinar e retirado todos os bónus e incentivos, devido ao fracasso
dos anos anteriores.
Após prolongadas reuniões decidiu-se que, para a regata de 97, "um novo remador
será contratado para o efeito, já que o comportamento do actual indiciava mostras
de desinteresse a partir do vigésimo quinto quilómetro e uma indiferença quase total
junto à linha da meta. "
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