MORTE
POR CONFUSÃO
(Esta
carta foi encontrada no bolso de um suicida)
Sr.
Delegado
Não
culpe ninguém pela minha morte, deixei esta vida porque,
dias mais
que eu
vivesse, acabaria morrendo louco.
Eu
explico porquê: Sr. Delegado, tive a desdita de casar-me com
uma viúva
a qual tinha uma filha. Se eu soubesse o meu destino
Sr. Delegado jamais teria casado.
Meu pai para a maior desgraça,
era viúvo e quis a fatalidade que ele casasse
com a filha da minha
mulher. Resultou que minha mulher
tornou-se sogra do meu
pai,
minha enteada, ficou sendo minha mãe, e meu
pai ao mesmo tempo
meu genro.
Após alguns anos, minha enteada deu à luz um menino
que tornou-se meu irmão,
porém, neto da minha mulher, de maneira
que eu fiquei sendo avô do meu irmão.
Com o
decorrer do tempo minha mulher também deu à luz um menino,
que,
como irmão da
minha mãe, era cunhado do meu pai e tio do seu
filho, passando
minha mulher a
ser nora da sua própria filha, e eu Sr.
Delegado, fiquei sendo pai da minha
mãe, irmão do meu pai e do meu
filho. Minha mulher ficou sendo
minha avó, já
que era mãe da minha
mãe. Sendo assim Sr. Delegado, acabei sendo
avô de mim
mesmo.
Portanto Sr. Delegado, a
coisa complicou-se tanto que resolvi deserdar
deste mundo.
Perdão
Sr. Delegado
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